quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cordas, garganta, baleias, traqueia, mandíbula, jugular, têmpora.
Grito e o ar permanece; grito sem som.
Grito e não há onda.
Unhas, cutículas, caranguejos, ossos, poros, pele, dedos.
Grito com as mãos.
Lóbulo, pele, conchas, ostras, cera, pressão.
Ouvido na areia.
Curva da onda, gaivota poeta, barco à deriva, homem trepidante.
Grito e o peixe não ouve, atravessa meus poros, cravo as unhas, a carne resseca.
O sol que flutua, caranguejos teimosos, baleias cantoras.
Traqueia aberta, pousa uma mosca que não pertence à história.
Ossos, carcaças, pele exposta, enxágua no rum.
Barco naufragado percorre o périplo lunar. 
Grito tão alto; só a concha me ouve.

Sou oceano; lágrimas de sal. 

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