segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Um crocodilo bateu em minha porta
E ele veio logo me lembrar
Daquela velha cena

Borra de café na lixeira
Café frio na caneca.

Comprimidos para tomar
A vela do santo em brasa.

O pai no hospital
O pai foi embora

A puta continua na esquina
As contas precisam ser pagas

O pai foi embora

O abajur que não sabe segurar a luz
Eu não consigo escrever mais
.
.
.
Um crocodilo bateu em minha porta,
Ele só queria me lembrar

Da mesa da cozinha que precisa ser pintada
Das contas que têm que ser pagas
Das plantas que sofrem de sede
Da cafeteira que ficou ligada
Dos comprimidos ao meio dia
Da vela que se apagou
Mas o abajur permanece

Meu pai foi embora

E o crocodilo me fez lembrar

Da puta da esquina que só queria uns trocados pro café
flores e mais nada

(Eu só queria uma folha em branco
              saber escrever
e que o meu pai não fosse embora)

Mas tenho café (frio) a puta não

Um crocodilo bateu em minha porta

Crocodilos foram feitos para fazer a gente lembrar
Que os pais sabem morrer

O crocodilo que bateu em minha porta
Queria uma caneca com café
Uma vela ou um abajur aceso
Flores no vaso
E uma puta para trepar

Crocodilos não querem alecrim





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